o meu nome tem a infinidade
das combinações
de pessoas de terras de sons
de bebedeiras de uns e pais-nossos de outros
um Caravaggio escondido frente a um espelho
móvel
o pai a mãe e tudo para trás
só não me tem a mim o meu nome
quatro palavras que são um livro escrito sempre
paulatino, sou escritor ausente, escritor sem vocação
de letras (às vezes há erros na narrativa)
e nada vai ser minha retrospectiva.
Adriano J. Morgadinho
segunda-feira, 28 de fevereiro de 2011
sábado, 26 de fevereiro de 2011
Hiper-realismo
Dei-lhe um poema do Ramos Rosa
num papel
cheirava a tinta, era novo o papel
no fim das letras estava o meu nome,
deslocado.
disse que não entendia,
que era uma merda que eu escrevia mal que a poesia é uma
merda porque parece uma fotografia mas depois é um quadro
hiper-realista. eu disse que o poema não era uma merda nem
a poesia é tampoco merda.
A merda é ler poesia e querer ter as palavras todas ali.
(Naquele papel só estava o meu nome).
Adriano J. Morgadinho
num papel
cheirava a tinta, era novo o papel
no fim das letras estava o meu nome,
deslocado.
disse que não entendia,
que era uma merda que eu escrevia mal que a poesia é uma
merda porque parece uma fotografia mas depois é um quadro
hiper-realista. eu disse que o poema não era uma merda nem
a poesia é tampoco merda.
A merda é ler poesia e querer ter as palavras todas ali.
(Naquele papel só estava o meu nome).
Adriano J. Morgadinho
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